quinta-feira, agosto 31, 2006

O lado negro da força...

Para a nossa Geração, afogada que está em tecnologias, tudo serve para tentar compreender um pouco mais. Esse desejo de perceber..tão forte em todos nós e tão traiçoeiro..porque nem a nós próprios nos explicamos

Um psiquiatra dizia outro dia que "os psiquiatras são luxos tristes"

Ao transformarem uma técnica de tratamento, por ex. A psicanálise, numa maneira de explicar o mundo...estão a tornar redutor e a conferir à medicina um poder que não tem.
Os comportamentos.alguns eventualmente previsíveis...são geralmente opostos à nossa essência.


Hoje em dia, vamos ao psiquiatra/psicólogo apenas e só para termos alguém que nos oiça....

Depois esperamos que o médico faça aquilo que não temos coragem de fazer... que tome decisões por nós... se a decisão for de acordo com o médico, é a melhor do mundo (alem do mais, os comprimidos que eles receitam são óptimos... oba oba. é sempre a bombar...)

Porque não aprendemos a comunicar entre nós, livremente, sem restrições?
O que se diz..seja pela net..pelo telefone..eventualmente em presença..não são mais do que palavras..muitas vezes ficcionadas pelo transmissor e consideravelmente alteradas pelo ouvinte.

Uma coisa que a net teve de bom, foi que nos colocou de novo a comunicar, a falar sobre nós, a mostrar-nos. (mas será que é de uma forma real?)

A parte ma é que deixamos de poder contar com todos os outros sentidos para analisar o que nos dizem... temos de racionalizar tudo.


As conversas que temos pela net são diferentes. Mais informação...sim é verdade
Mas sem tom de voz...sem pausas na voz..sem qualquer tipo de intensidade
A

Será esta uma nova forma de evolução? E evoluímos para onde? Para o quê?
Para um sistema globalizado e hiper tecnológico..preso no meio-termo que inicialmente
Falámos?
E o que fazemos? Ficam sentados ao computador. A imaginar vidas virtuais?
Damos uma voltinha no carro novo... conversamos um pouco com os amigos sobre o que falaram por net..conversas menores é certo..porque pela net mostram-se mais..e depois há a insatisfação do vazio o chamado tédio..tão típico da n/ geração.
(uma pessoa amiga dizia me este fim de semana. “espantoso, não imaginas a quantidade de people que está on line a um sábado á noite. Eles já não costumam sair?)

Admitamos, os nossos paizinhos falharam na nossa educação ao quererem proteger nos de tudo aquilo pelo que tínhamos de passar, fizeram das tripas coração e para quê?
Concebemos a vida de uma maneira virtual..onde os problemas se apagam no deixa andar. Note-se que não estou a ser critico pertenço a esta geração e englobo me neste grupo.
Estamos habituados a que tudo seja cor-de-rosa. O que se quer, tem-se... e acima de tudo, entrados muito cedo num mundo virtual (repare-se que os 33 anos de hoje são ao primeira geração do Spectrum aos 10 anos. e depois do PC..aos 13)

Habituamos nos a não saber falar.

Tudo se resolve, alguém há de resolver. E entretanto.bute ver Televisão.


esquecemo nos do bom e tradicional processo de falar. De ficar uma noite á conversa..deixar o tema fluir livremente… (e recordo com muita saudade, uma tertúlia de Pré exames, onde as discussões filosóficas sobre qualquer assunto se sobrepunham quase sempre á preocupação do exame do dia seguinte. Bolas de Berlim devoradas pela madrugada dentro, nos sítios mais estranhos, seguidas de visitas ao Cacau da Ribeira..ou ao frigorifico de uma casa)

O importante, será sempre termos alguém do outro lado para ouvir. Nisso acredito..acredito na pessoa que perde o seu tempo a ouvir e na pessoa que encontra um espaço para falar..talvez numa conversa a verdade esteja apenas aí. Na vontade mutua de se encontrarem na troca de palavras. Do resto...muitas vezes não fica nada. Mesmo assim, das palavras, pouco se retira.

É o lado negro da força...

1 comentário:

Anónimo disse...

Do exército que vinha na minha direcção cairam rosas de paz pois foi pela luz da figueira que existiu um momento eterno