quinta-feira, setembro 28, 2006

Speed Dating

«Se existe um dia em que os namorados podem celebrar, porque não um dia em que se celebre também o facto de ser solteiro?», disse Miguel Moreira, o organizador da iniciativa, que decorre nas Docas, em Lisboa.
O convite é extensivo a todos os singles, termo genérico que engloba solteiros, divorciados, viúvos e separados, e abrange várias propostas como a festa do solteiro e encontros speed dating, em que os participantes terão oportunidade de se conhecerem em apenas quatro minutos.
Mas o objectivo, segundo Miguel Moreira, não consiste só em juntar pares.
«Embora ainda exista uma certa pressão para arranjar um par, muitas pessoas estão sozinhas por opção e estão bem assim. Nestes eventos facilita-se e promove-se o conhecimento entre as pessoas, mas não necessariamente para arranjar um par, já que muitos dos participantes querem apenas passar um dia divertido e animado», explicou.
As novas formas de relacionamento entre os solteiros são um fenómeno ainda pouco estudado em Portugal.
Sofia Aboim, investigadora do Instituto de Ciências Sociais, descreveu este tipo de encontros como uma forma de socializar associada a «um certo conforto», que permite alargar mais facilmente o leque de conhecimentos pessoais do que no círculo restrito da família e dos amigos.
É também um reflexo da sociedade actual.
«Outrora, esses relacionamentos eram promovidos através das relações familiares, de vizinhança e dos bailes. Hoje em dia, os contactos passam mais pela esfera profissional, os amigos e eventualmente a utilização da tecnologia», sublinhou.
Mas a mudança de hábitos é lenta. Os que vivem sozinhos ainda são uma minoria e continuam a enfrentar uma certa pressão para casar, sobretudo se pertencerem ao género feminino.
«Apesar de se ter rompido com o estereótipo da solteirona, ainda se associa o facto de uma mulher estar só a um certo falhanço», observou a investigadora, acrescentando que a conjugalidade continua a ser associada a um ideal de bem estar e felicidade.
Na mulher, ainda mais premente do que o estado civil é a valorização da maternidade.
«Uma mulher divorciada com filhos pode sentir menos pressão do que uma solteira sem filhos», comentou Sofia Aboim.
A opção por determinada situação familiar também pode ser condicionada pela possibilidade de estar sozinho.
Sofia Aboim lembrou que «a independência é uma conquista difícil em termos financeiros», pelo que muitas vezes se torna mais fácil viver a dois.
A par do aumento do número de pessoas sós, dos divórcios e das famílias recompostas, vive-se também a conjugalidade de forma mais flexível.
«As relações hoje em dia são mais fluidas, as pessoas entram e saem da relação, coabitam, estão juntas num determinado período e sozinhas noutro», disse a investigadora do ICS.

In Sol 28.09.06

1 comentário:

Anónimo disse...

giro. já tinha falado sobre isto with mr.shrink